É no coração do hipercentro de Belo Horizonte, a Praça Sete, palco de tantas lutas e espectadora silenciosa de tantas mudanças ao longo dos anos, que o Cine Theatro Brasil Vallourec, um grande marco de pioneirismos arquitetônicos, se encontra. E é nele que hoje, dia 29 de agosto, a 12ª edição do CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte começa.
Convenientemente situado no ambiente mais plural e vivo da cidade, o estabelecimento escolhido para a abertura comporta a ideia do festival em níveis estruturais e conceituais. Digo conceituais pois um festival que trabalha a política, a cidade, e a pluralidade do ser conversa maravilhosamente com uma localidade que não somente é central – portanto acessível e democrática -, mas também é um ato de resistência só em existir, vide a desvalorização do cinema de rua em detrimento de grandes centros de compras.
Quem compareceu ao Cine Theatro Brasil para a abertura do festival foi (muito bem) recebido pela diversidade cultural e estética, além do clima vanguardista que o festival propõe, através de uma performance artística feita através da dança, uma das expressões culturais mais fluidas, vivas e democráticas de um povo. Logo na porta, a performance (assinada pelos artistas Aarão, Cibele Maia, Eduardo Sô, Guilherme Augusto e Júnia Bertolino) clamava seu espaço e atraía olhares, já se apropriando do espaço amplamente urbano e seus sons singulares, representando a cultura de Belo Horizonte. O público se deixou contagiar e complementou a performance, ocupando num conjunto de interações, o espaço; tornando a mostra de todos.
Seguindo a apresentação da temática do festival as “Pontes Latino-americanas” são apresentadas com performances de diversos artistas como Rosa Villareal e Marina Viana. Entre diversos bons momentos de reflexão e consciência coletiva aflorada, alguns pontos mencionados merecem ser destacados, como a fala de uma artista que, inteligentemente segurando um emaranhado de fios que lembram o tricô latino-americano – nossos laços? Nosso povo? Nossa história e memória? -, conversou com o público sutil e casualmente sobre os pontos que permeiam as mostras dessa edição.
"Afinal, o final do caminho é o caminho mesmo", e isso é algo que todos deveriam entender. Assim como que pontes são feitas em cima do propósito de adição a quem as constrói, se elas nada nos oferecem – ou oferecemos a elas -, melhor que nem sejam construídas. E é isso que o CineBH propõe esse ano: a construção e a compreensão dessa conversa de povos que podem e devem trocar figurinhas quanto a suas produções audiovisuais. Não é atoa que a produtora El Pampero Cine foi a escolhida para as homenagens do festival: seu nome do meio é alternativo; ruptura.
Laura Citarella recebeu o prêmio em nome da empresa, dizendo seus agradecimentos em espanhol, clamando o absurdo de falar em inglês "entre nosotros".
Além disso tudo, o filme escolhido para abrir a edição desse ano, Sol Alegria (Tavinho Teixeira, com co-direção de Mariah Teixeira, 2018) conversa com a localização completamente política as Praça Sete, apresentando uma distopia – ou utopia? - sobre um Brasil politicamente oprimido onde uma família peculiar caminha pelo interior para entregar uma remessa de armas a um grupo de freiras militantes reclusas numa selva. O público contou com uma breve apresentação do filme pelos diretores e Ney Matogrosso, que atua nele.
Durante o evento, nenhum nó ficou sem ponta e tudo correu muito bem (salvo um erro técnico mínimo de vídeo, talvez, mas que não comprometeu de forma alguma o evento), abrindo essa edição do festival incrivelmente.
O CineBH esse ano recebe uma mostra, entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro, que promete discutir diversos assuntos relativos à vida em comunidade e, especialmente, Belo Horizonte. Esse ano ocupará seis espaços culturais da capital: Fundação Clóvis Salgado/Plácio das Artes, Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Teatro Sesiminas e MIS Cine Santa Tereza, além da Praça Duque de Caxias, berço do festival, para o cinema ao ar livre, Sesc na Praça.
Em seis dias, numa programação completamente gratuita, a mostra receberá 75 filmes nacionais e internacionais, em pré-estreia e retrospectivas (entre eles, 27 longas), em 44 sessões de cinema, com títulos de 13 estados brasileiros e 13 países. O Brasil CineMundi – 9th International Coproduction Meeting, importante evento mercadológico para o audiovisual brasileiro, acontece dentro da programação do festival também.
Para mais, é só ir ao site da Mostra: http://cinebh.com.br/
It’s in the heart of Belo Horizonte’s hypercenter, the Praça Sete Square, stage for so many fights and silent viewer of many changes throughout the years, that the Cine Theatro Brasil Vallourec, a great hot point of architecture pioneering, is. It’s on it that today, the 29th of August, the 12nd edition of CineBH – BH International Film Festival starts.
Conveniently set in the most plural and live of the city, the establishment chosen for the opening holds the idea of the festival in structural and conceptual levels. I mean conceptual because a festival that deals with politics, the city and plurality of being speaks wonderfully with the locality that not only is central – therefore accessible and democratic -, but is also an act of resistance itself, given the increasing devalue of street cinemas in front of big shopping centers.
Whoever went to the Cine Theatro Brasil to the festival’s opening was (very well) received by the cultural aesthetical diversity that the festival proposed through an artistic performance that used dance, one of the most fluid, democratic and lively cultural expressions of a people. Right at the door, the performance (signed by the artists Aarão, Cibele Maia, Eduardo Sô, Guilherme Augusto and Júnia Bertolino) already claimed its space and attracted looks, appropriating the widely urban space and its singular sounds, representing the cultural diversity of Belo Horizonte. The audience let loose that complemented the performance, occupying the space, in a mix of interactions, making the festival everyone’s.
Seguindo a apresentação da temática do festival as “Pontes Latino-americanas” são apresentadas com performances de diversos artistas como Rosa Villareal e Marina Viana. Entre diversos bons momentos de reflexão e consciência coletiva aflorada, alguns pontos mencionados merecem ser destacados, como a fala de uma artista que, inteligentemente segurando um emaranhado de fios que lembram o tricô latino-americano – nossos laços? Nosso povo? Nossa história e memória? -, conversou com o público sutil e casualmente sobre os pontos que permeiam as mostras dessa edição.
Following the presentation of the theme of the festival “Latin-American bridges” are represented with performances of several artists like Rosa Villareal and Marina Viana. Amongst many good moments of reflection and enhanced collective consciousness, some points mentioned are worth to the highlighted, like the say of one artist that intelligently holding a tangled of tricot lines that remember the Latin craft – our strings? Our people? Our history and memory? -, spoke to the public in a subtle and casual way about the points that go through the themes of the show in the festival.
“After all, the end of the way is the way, anyway", and that is something everyone should understand. As well as that bridges are made under the purpose of addition to whoever builds them, if they have nothing to offer – or we have to offer them – they'd better not even be built. And that is what CineBH proposes this year: the construction and comprehension of this conversation of peoples that may and should exchange ideas regarding their audio-visual productions. It’s not a surprise that the production company “El Pampero Cine” was the chosen one to be honoured this year: its name was built under the word alternative; rupture.
Laura Citarella received the award in the name of the company, saying her thanks in spanish, claiming the absurd of speaking in english amongst ourselves.
Apart from it all, the chosen film to open the edition was Sol Alegria (Tavinho Teixeira, co-directed by Mariah Teixeira, 2018) talks with the completely political location, presenting a dystopia – or utopia? – about a politically oppressed Brazil where a peculiar family walks through the countryside to deliver a pack of guns to a group of militant nuns hidden in the wild. The public counted with a brief presentation of the film by the directors and Ney Matogrosso, who acts on it.
During the event, nothing happened without a reasons and everything went through very well (apart from a minimal technical error, perhaps), opening this edition wonderfully.
CineBH this year receives its events between the 28th ou August and 2nd of September, who promises to discuss many subjects related to life in community and, specially, Belo Horizonte. This year it will occupy six cultural spaces in the capital: Fundação Clóvis Salgado/Palace of the Arts, Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Sesiminas Theatre and MIS Cine Santa Tereza, besides the Duque de Caxias, the birth place of the festival, for the open air screenings, the Sesc in the Square.
In six days, in a completely free programme, the event with receive 75 national and international films, in premieres and retrospectives (amongst them, 27 full-length ones), in 44 screenings, with titles from 13 Brazilian states and 13 countries. The Brasil CineMundi – 9th international Coproduction Meeting, important market event for the Brazilian cinema, also happens within the festival.
For more, go to the Festival's site: http://cinebh.com.br/
