top of page
  • Foto do escritorMaria Fernanda de Sá

CineBH | Crítica | Classical Period


O gosto e interesse por hábitos antiquados e artefatos de interpretação tradicionais, num meio quase que recluso de pessoas que compartilham de ideias similares, elevados a um novo patamar, é o contexto de Classical Period (2018), de Ted Fendt, que teve sua pré-estreia no Brasil no último dia 31 de agosto.


Conhecemos um grupo de entusiastas de Dante que, aparentemente, vivem em função de seus gostos esotéricos em literatura e antiguidades. O filme, então, nos leva numa série de encontros sociais ou casuais deles e nos envolve com as longas conversas monótonas sobre arte, arquitetura, literatura, história, etc.


Fendt consegue levar o conceito entediante de tédio das conversas em um nível quase cômico que revela a sinceridade de uma disfunção social que os personagens possuem, no que estão completamente envolvidos na erudição das informações que consumem. Todos eles possuem certo ar pedante e arrogantes que, em alguns momentos, os torna odiosos, outros, apenas engraçados.


Alguns momentos na obra conversam com a solidão que é consumir tal tipo de cultura tão desvalorizada nos dias de hoje, quase que anunciando um vazio de uma existência puramente acadêmica, quando colocada dentro do círculo de pessoas comuns. Mas é ótimo, também, entender e observar o quanto os personagens se encontram em suas esquisitices e criam todo um ambiente de conforto na reclusão.


É iminente perceber que os personagens interpretam o mundo a sua volta através de textos e informações catalogadas, e assim eles os interpretam, colocando o conhecimento factual frente às experiências que poderiam ter.


A obra de Fendt definitivamente não é para qualquer um, pois os quadros estáticos, a paleta de cores frias e as atuações propositalmente quase inexpressivas revelam uma sinceridade em minúcias que não conseguiriam ser percebidas por todos. A fórmula pedante dos personagens é transmitida pela tela e constrói uma narrativa difícil de ser acompanhada, vista nas longas cenas e planos de ritmo lento.


É um bom filme. Os diálogos são interessantes e a estranheza social dos personagens é envolvente de uma forma peculiar e cômica, revelando de forma bastante atraente um saudosismo bizarro e extremo que tem sim seu valor na construção de pessoas e os ambientes que elas frequentam.



 

EN


The taste and interest in old-fashioned habits and traditional interpretive artefacts, in an almost reclusive environment of people who share similar ideas, raised to a new level, is the context of Ted Fendt's Classical Period (2018), which premiered in Brazil the 31st of August.


We meet a group of Dante enthusiasts who apparently lived up to their esoteric tastes in literature and antiques. The film then takes us through a series of social or casual encounters and engages us with long monotonous conversations about art, architecture, literature, history, and so on.


Fendt manages to take the boring concept of boredom out of the conversations to an almost comic level that reveals the sincerity of a social dysfunction that the characters possess, as a consequence of being completely involved in the erudition of the information they consume. They all have a certain pedantic and arrogant air that sometimes makes them obnoxious, others just funny.


Some moments in the work talk to the loneliness that is to consume such a type of culture so devalued today, almost announcing a void of a purely academic existence when placed inside the circle of ordinary people. But it's great, too, to understand and observe how much the characters meet in their oddities and create an entire comfortable environment in reclusion.


It is imminent to realize that the characters interpret the world around them through texts and catalogued information, and so they interpret them, putting the factual knowledge in front of the experiences that could have.


Fendt's work is definitely not for everyone, for the static frames, the cold colour palette, and the almost inexpressive performances show a sincerity in minutiae that could not be perceived by all. The pedantic formula of the characters is transmitted on the screen and builds a narrative difficult to follow, seen in long scenes and slow paced plans.


It's a good movie. The dialogues are interesting and the social strangeness of the characters is engaging in a peculiar and comical way, revealing in a very attractive way a bizarre and extreme nostalgia that has rather its value in the construction of people and the environments that they attend.

124 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page