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  • Foto do escritorSara Paoliello

CineBH | Crítica | Sol Alegria

Atualizado: 25 de set. de 2018





Conseguimos observar um número crescente de produções de obras distópicas, que por consequência do momento social e político mundial se aproxima cada vez mais da nossa realidade. Acompanhamos a massificação e avanço de pensamentos conservadores e intolerantes no Brasil e no mundo, isso reflete em nossa produção artística diretamente.


O filme Sol Alegria não fica de fora deste tipo de representação distópica – Na trama uma família tradicional (à primeira vista) composta pelo pai (Tavinho Teixeira), pela mãe (Joana Medeiros) e pelo casal de filhos (Mariah Teixeira e Mauro Soares), assume uma série de comportamentos anárquicos, desestabilizando o status quo de uma sociedade repleta de hipocrisia e de pastores mercenários.




Tendo sua concepção inicial em formato de conto, do livro escrito por Tavinho Teixeira em 2014, o longa foi se desenvolvendo e criando forma com a parceria de direção entre pai e filha.


Mais do que simplesmente criar um incômodo nos espectadores, os diretores Tavinho e Mariah Teixeira querem transgredir uma série de comportamentos políticos, sociais e até mesmo da estrutura narrativa e fílmica. A fotografia e a arte do filme contêm características similares a das produções da década de setenta. Retroprojeções; cores berrantes; figurinos circenses e cenários com objetos da cultura popular compõem toda uma estética do teatro itinerante.



Em determinada sequência, acompanhamos a chegada da família em um convento nada convencional, habitado por freiras devassas que carregam consigo armas e que cultivam maconha.


Lá conhecemos outros personagens importantíssimos, interpretados por um elenco forte e diverso. Dentre eles temos o renomado Everaldo Pontes, como a Madre Superiora; Toreba Sagi como a freira Toreba - Um não ator que é guia turístico de uma praia do Rio Grande do Norte. Toreba tem uma barraca com o nome de Só Alegria, inspirando assim o título do filme. E o cantor e compositor Ney Matogrosso como o toureiro. - Ney Matogrosso interpreta um poema de Jorge Luiz Borges musicado por Piasola em 1975. Assim como toda sua carreira repleta de performances polêmicas e à frente de seu tempo, seu personagem no longa metragem não é diferente. O próprio Ney em bate-papo sobre o filme no Festival CINEBH afirmou "me interessa a transgressão".




Sol Alegria é uma daquelas obras que toda vez que o espectador revisitar, ele vai observar um elemento novo ou ter uma diferente percepção sobre o conjunto narrativo. O enredo se forma na ligação de simbolismos, representações e escolhas estéticas que, se observadas separadamente, são caóticas e impulsivas mas que quando ligados se tornam de uma potência imensurável. Como resistir com o cinema à era de censura em que novamente nos encontramos? Não se trata de um filme confortável: ele quebra expectativas, cutuca feridas e te tira do lugar. Porém, certamente é um longa feliz. Seu tom anárquico não diz respeito a uma completa confusão mas sim de que cada indivíduo é responsável por si e pelo outro - enautecendo o senso de coletividade.


Um grito de liberdade que celebra as diferenças e reforça a importância de se manter os direitos já conquistados.


O filme teve sua pré estréia na abertura do Festival CINEBH que acontece em Belo Horizonte De 28 de Agosto ao dia 2 de Setembro. Para conferir a programação acesse: Cinebh.com.br e para ler mais críticas a respeito da mostra fique atento ao Clube do Monóculo!


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EN


We have been able to observe an increasing number of productions of dystopian works, which, as a consequence of the world social and political moment, are increasingly approaching our reality. We accompany the massification and advancement of conservative and intolerant thoughts in Brazil and in the world, this reflects in our artistic production directly.


In the plot a traditional family (at first sight) composed by the father (Tavinho Teixeira), by the mother (Joana Medeiros) and the couple of children (Mariah Teixeira and Mauro Soares) , assumes a series of anarchic behaviors, destabilizing the status quo of a society full of hypocrisy and mercenary shepherds.


Having its initial conception in story format, from the book written by Tavinho Teixeira in 2014, the film was developing and creating form with the partnership of direction between father and daughter.


More than simply creating a nuisance in the spectators, the directors Tavinho and Mariah Teixeira want to transgress a series of political behaviors, social and even of the narrative and filmic structure. The photography and the art of the film contain characteristics similar to the productions of the seventies. Rear projections; bright colors; circus costumes and scenarios with objects of popular culture compose an entire aesthetic of itinerant theater.


In a certain sequence, we accompany the arrival of the family in an unconventional convent inhabited by devout nuns who carry weapons and grow marijuana.


There we meet other very important characters, played by a strong and diverse cast. Among them we have the renowned Everaldo Pontes, as the Mother Superior; Toreba Sagi as the nun Toreba - A non-actor who is tour guide of a beach in Rio Grande do Norte. Toreba has a tent named Só Alegria, thus inspiring the title of the film. And the singer and composer Ney Matogrosso as the bullfighter. - Ney Matogrosso plays a poem by Jorge Luiz Borges musicd by Piasola in 1975. Like his entire career replete with controversial performances and ahead of his time, his character in the feature film is no different. Ney himself chatting about the film at the CINEBH Festival said "I'm interested in transgression".


Sol Alegria is one of those works that every time the viewer revisits, he will observe a new element or have a different perception about the narrative set. The plot is formed in the connection of aesthetic symbolism, representations and choices which, if observed separately, are chaotic and impulsive but when connected become an immeasurable power. How to resist with the cinema to the era of censorship in which we meet again? This is not a comfortable movie: it breaks expectations, it pokes wounds and it takes you away. But it certainly is a happy long. His anarchic tone does not concern complete confusion but rather that each individual is responsible for himself and for the other - ennobling the sense of collectivity.


A call of freedom that celebrates the differences and reinforces the importance of maintaining the rights already won.

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