É através de sutilezas e inquietações estéticas que Ricardo Alves Jr. apresenta a história de Elon (Rômulo Braga), um homem comum, tomado e devastado por frustrações e angústias normais.
O longa, de apenas 75 minutos, segue o protagonista na busca por sua mulher, Madalena, interpretada por Clara Choveaux –, que desaparece um dia. As atuações de ambos são muito cruas; teatrais dando um tom exagerado sutil, que transparece a então estranheza dos personagens com mais facilidade e naturalidade, de forma artÃstica. Braga transparece um homem apático; desiludido, imerso num mundo repleto por rotinas, nas quais não se encaixa, que contribui para o contexto paralelo, da possibilidade de uma tragédia que é ignorada durante toda a duração do longa.
A própria sinopse oficial do filme realça a escolha da escuridão na estética da pelÃcula, possivelmente em forma de metáfora: quando procura-se algo nos pontos escuros, principalmente nos da mente, depara-se com sensações e sentimentos ocultos e/ou ignorados que ocasionalmente virão à tona. Mas não só isso, há também a clara referência ao medo; ao desconhecido e – porque não? – a insegurança.
É fácil dizer que os cenários incomodam: eles são muito parecidos. Acredito, contudo, que isso se deva à limitação de recursos da produção, já que, majoritariamente, ela foi filmada dentro da Escola de Engenharia da UFMG. Todavia, isso não configura uma caracterÃstica totalmente negativa. Pelo contrário: num momento de imersão isso intensifica a angústia do protagonista e te incomoda contribuindo na narrativa do filme, ao invés de prejudica-la.
A câmera do longa é, constantemente, inquieta e nervosa, não se preocupando muito com enquadramentos, procurando transparecer sensações transcendentes à técnica que seguem os personagens ao longo do filme. Por mais que essa câmera imprecisa faça parte de toda uma tendência envolvendo o cinema jovem no Brasil, ela se encaixa muito bem nesse longa e agrega positivamente em todas as áreas da produção.
Elon não acredita na morte é um filme cru, longe de ser sensacional, mas bom. Explora muito bem tendências artÃsticas atuais e transporta o espectador diretamente para a cabeça do protagonista durante seu desenvolvimento. É um filme sobre a mente e as limitações dela que brinca otimamente com a cabeça do público que assiste.
Assista ao trailer:
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It is through subtlety and aesthetic restlessness that Ricardo Alves Jr. presents the story of Elon (Rômulo Braga), an ordinary man, taken and devastated by normal frustrations and distress.
The film, only 75-minute long, follows the protagonist in search of his wife, Madalena, played by Clara Choveaux - who disappears one day. Both their perform is very crude; theatrical, with a subtle exaggerated tone, which transpires the characters' weirdness more easily and naturally, in an artistic way. Braga incorporates an apathetic man; disillusioned, immersed in a world full of routines, in which he does not belong, that contributes to the parallel context, that of the possibility of a tragedy that is ignored throughout the duration of the movie.
The official synopsis of the film itself reinforces the choice of darkness as an aesthetics, perhaps in the form of a metaphor: when one looks for something in the dark points, especially in the mind, one encounters hidden and / or ignored sensations and feelings that will occasionally surface . But there is also a clear reference to fear; to the unknown and - why not? - insecurity. It is easy to say that the scenery bother: they are all very similar. I believe, however, that it is due to the limited budget of the production, since it was mostly filmed inside the Engineering University of UFMG. However, this configuration is not totally negative. On the contrary: in a moment of immersion, the anguish of the protagonist intensifies and causes discomfort, contributing to the narrative of the film, instead of causing harm.
The camera is often restless and nervous, not very much worried about framing, trying to show feeling transcending technique that follow the characters throughout the film. As much as this imprecise camera is part of a trend regarding the young cinema in Brazil, it fits very well this movie, and adds positively in all areas of production.
"Elon Doesn't Believe in Death" is a raw movie, far from sensational, but good. It dives into current artistic trends of cinema and transports the viewer straight into the protagonist's head during its development. It is a film about the mind and its limitations, that plays beautifully with the head of the watching audience.
Watch the trailer above.
