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  • Foto do escritorMaria Fernanda de Sá

Cannes 2018 | Crítica | Under the Silver Lake

Atualizado: 2 de out. de 2018



David Robert Mitchel, após o sucesso do horror A Corrente do Mal – que levantou diversas discussões interessantes na época -, estreou no Festival de Cannes desse ano (2018), sua mais nova obra: Under the Silver Lake.


Sam (Andrew Garfield) é um homem aparentemente inteligente e desempregado – só isso, de fato, nem procurando nada ele está -, cuja vida é levada completamente sem nenhum propósito e em que vive basicamente por mulheres nuas e sessões de masturbação. Um dia, ele observa uma garota misteriosa nadando na piscina do condomínio a noite, com quem ele se envolve e por quem cria uma obsessão. No dia seguinte ela desaparece sem deixar rastros e Sam vai a sua busca por Los Angeles, desvendando, consequentemente, teorias da conspiração.


O protagonista, ainda que carregado por Andrew, é completamente perturbado e depravado, não facilitando qualquer tipo de identificação com o público ou emanando sequer uma gota de carisma. Tudo que se sente sobre Sam é repulsa, o filme todo: ele é oportunista, pervertido, violento e completamente frio com relação a quem ele se envolve romanticamente.


A inteligência emocional do protagonista é um buraco negro de pensamentos obscuros pré-adolescentes tomando forma num loop absurdo de ações misóginas. O tanto de male gaze usado por Mitchel nesse filme consegue atingir fortemente o gatilho do nojo e só piorar a situação dessa obra essencialmente machista: mulheres nuas, mulheres mortas, sensualidade, pôsteres pornográficos, etc. E quase tudo completamente sem motivo para ser.


O roteiro é completamente louco e a prova mais clara o possível do que um bom cineasta pode fazer, quando dado liberdade demais porque essa obra é um desastre, do início ao fim. Qual o sentido de Sam procurar obsessivamente por uma garota que ele mal conheceu, para começo de conversa?


Continuando sobre aspectos do roteiro, ele é bizarro e, honestamente, ruim. Há várias informações jogadas a todo tempo e inúmeras teorias da conspiração jogadas para tentar criar epifanias que só tornam todas as situações completamente ridículas. Tem mais: por algum motivo, o personagem de Garfield tem em suas mãos completamente tudo que precisa para lidar com todos os seus empecilhos nessa investigação mais do que louca: as soluções, em sua maioria, são grandes consequências de vários Deus Ex Machina nesse filme.


A mitologia da película, contudo, é muito bem-criada e trabalhada em cima de referências majoritariamente de cultura pop. Ela, contudo, mistura elementos demais e se perde em bizarrices, adicionando, inclusive, referências ligeiramente absurdas à religiões amplamente criticadas, como a cientologia.


É preciso reforçar que o uso das personagens femininas nessa obra é completamente misógino: as mulheres são amplamente utilizadas para satisfazer uma ideologia anticapitalista estranha e servir de suporte para um personagem que costuma a resolver seus problemas se masturbando o tempo todo.


O filme funciona na base de diversas câmeras no ponto de vista do protagonista, talvez para reforçar que o que é mostrado é de opinião exclusiva do autor. Esteticamente, a obra não deixa a desejar, oferecendo quadros belos e repletos de semiótica concisa.


No final das contas, nos é entregue uma obra pseudo-intelectual e saudosista que faz críticas óbvias para um público simplista de forma rasa.


Assista ao trailer abaixo:



 

EN


David Robert Mitchel, after the success of his horror film It Follows –which raised several interesting discussions when it came out -, released this year at the Cannes Film Festival (2018), his new work: Under the Silver Lake.


Sam (Andrew Garfield) is an apparently smart and unemployed man – only that, in fact, he’s not even looking -, who goes through life without any purposes and live for naked women and jerking off sessions. One day, he sees a mysterious woman swimming in the building's pool with whom he gets involved with and gets obsessed about. In the following day she vanishes without leaving a trace and Sam looks for her in Los Angeles, therefore unveiling some conspiracy theories.


The lead, even if carried by Andrew, is completely disturbing and depraved, not making it any easier for the public to identify with or even having a bit of charisma. All we can feel about Sam is repulse: he’s opportunistic, a pervert, violent and completely cold regarding his romantic relationships.


His emotional intelligence is a black hole of dark tween thoughts given form in an absurd loop of misogynistic actions. The amount of male gaze used by Mitchel in this film manages to strongly reach the trigger of disgust and only make the situation of this essentially sexist work worse: naked women, dead women, sensuality, pornographic posters, etc. And almost everything without any reason to be,


The script is completely mad and proves in the clearest way possible what a good filmmaker can do when given too much freedom, because this work is a disaster from beginning to end. What is the meaning of Sam’s obsessive search for a girl who he barely met, to start with?


Moving on about the script, it is bizarre and, honestly, bad. There is plenty of information thrown at all times and several conspiracy theories put to try and create epiphanies that only make every situation ridiculous. There’s more: for some reason Garfield's character has on his hands everything he needs to deal with all his problems in this more than crazy investigation: the solutions, mostly, are great consequences of many Deus Ex Machina in this film.


The mythology of this movie, however, is very well-made and worked on mostly pop culture references. This, however, mixes up too much elements and loses itself in oddness adding, including, references to widely criticised like scientology.


It is needed to reinforce that the use of the female characters in this work is completely misogynistic: the women are widely used to satisfy a weird anti-capitalistic ideology and serve as support to a character that is used to solve his problems masturbating all the times.


The movie works out based on many POV cameras in the protagonist eyes, maybe to reinforce that what is shown is of the author’s exclusive opinion. Aesthetically, the work does not let down, offering beautiful frames filled with right semiotics.


In the end of the day, it's delivered to us a pseudo-intellectual and nostalgic work that makes obvious criticism to a simple audience in a very shallow way.


Watch the trailer above.

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