Lady Bird: A hora de voar
- Maria Fernanda de Sá
- 7 de mai. de 2018
- 2 min de leitura

O crescimento de uma garota da pequena Sacramento é o tema de Lady Bird, que mostra a jornada de autoconhecimento de uma menina que procura uma maneira de voar para fora: a essência de uma artista na pele de uma adolescente problemática, explorando tudo que a ela é permitido.
Lady Bird (Saoirse Ronan) se sente diferente, se acha merecedora do que quer e é a perfeita adolescente chata que todo mundo já foi um dia. Ela, como qualquer pessoa da idade, se entende confusa e procura as coisas erradas, às vezes encontrando as respostas certas – coisas da vida, essa confusão – e se frustra, perdida no caminho que trilha. Ela é o produto de um contexto complicado, principalmente financeiramente, e vê nas birras que faz, um grito por justiça.
Estudante de uma escola católica e aparentemente particular, a protagonista interage, muitas vezes, com personagens que não possuem as mesmas condições que ela, que apenas se revolta contra a vida e maltrata os pais compulsoriamente pelas diferenças de realidade que ela tem dos demais. Ela é uma garota de mente aberta, consegue lidar com diferenças culturais e sociais de forma tranquila e respeitosa, mas não respeita os próprios pais e não procura entender a própria vida, talvez por ser muito diferente da mãe, principalmente, que é muito cabeça fechada e conservadora.
Como qualquer outra pessoa, a ideia de avançar rapidamente em alguns momentos da vida, sempre resulta em alguns passos para trás a longo prazo e Lady Bird, querendo ou não, sempre encontra conforto no colo; no ninho e provavelmente só se viu adulta quando percebeu que grande parte do que ela é, é Sacramento, são os pais e, claro seus repertório diversificado.
Greta Gerwig assina o roteiro e a direção desse filme de estética pastel e sensível, mas quase incapaz de gerar empatia na audiência. O filme é repleto de personagens detestáveis e atuações incríveis – principalmente a de Laurie Metcalf, como a mãe, Marrion – e o roteiro, apesar de representativo por trazer um filme sobre o crescimento de uma garota, escrito por uma mulher, é simplista e nada inovador.
Gerwig entrega uma direção simples e cheia de sutilezas, traduzindo a irrealidade da protagonista para as telas e dando foco necessário às expressões das personagens, usando, diversas vezes, planos fechados que realçam as faces e atuação dos atores. Todavia, muitas vezes, não dá o respiro suficiente para que as cenas funcionem, causando impacto errado e desconexão com o momento.
Lady Bird é um filme leve sobre uma garota muito específica, num momento e contextos muito específicos que dificilmente representam muitas pessoas. A película, contudo, facilmente entrega estereótipos comuns como os de artistas narcisistas e demonstra escancaradamente a quão privilegiada a McPherson é, já que todas as sua traquinagens resultam em quase nenhuma punição, quando muito, algumas frustrações.
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