top of page
  • Foto do escritorMaria Fernanda de Sá

Política | Lista | Filmes para mostrar a necessidade de direitos LGBTQ+


Vamos conversar sobre política?

Em tempos em que ainda é ilegal ser homossexual em 71 países, de acordo com a Associação Internacional de Gays e Lésbicas, a índia descriminalizou o sexo gay no último dia 7 de setembro –sim, no dia da Independência do Brasil -, ouvindo na razão de um membro governamental que os deviam uma desculpa histórica pela proibição.


E é no clima tenso das eleições que nós, do Clube do Monóculo, acreditamos que nunca é tarde demais para discutir pautas importantes que deveriam interferir nas escolhas dos eleitores. É por isso que começamos, agora, uma série de posts sobre pontos que devem ser levados em consideração ao escolher seu candidato, dando dicas de obras cinematográficas para discutir a importância desses fatores. Hoje, direitos LGBTQ+.


O Brasil é o país que mais mata LGBTQs: 1 a cada 19 horas. Em relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), há o registro de 445 homicídios do tipo em 2017, demonstrando um aumento de 30% em relação ao ano anterior.


Em tempos sombrios como esses, em que a liberdade de ser tem sido constantemente retirada e oprimida pelo medo iminente de perigo discriminatório, é necessário entender e abraçar planos de governo que se posicionem contra esses atos criminosos e tenham medidas efetivas de prevenção deles.


Para isso, separamos 10 filmes – de diversas linguagens e complexidades – para discutir a importância desses direitos para a população LGBTQ+.


1 – Carol (Todd Haynes, 2015)

No ano de 1950, Therese Belivet (Rooney Mara), uma fotógrafa, tem um emprego entediante em uma loja de departamentos. Próximo ao natal, ela conhece Carol (Cate Blanchett), uma mulher mais velha com quem rapidamente se envolve amorosa e sexualmente. Esse vínculo, contudo, gera severas consequências para ambas.


Por quê?

É uma obra que questiona as ideias antiquadas de uma sociedade que vê, até hoje, a homossexualidade como uma perversão e desvio de conduta moral que afeta ativamente na concepção de direitos a essas pessoas, inclusive os de formar uma família.


2 – Amor Maldito (Adélia Sampaio, 1984)

O primeiro longa dirigido por uma mulher negra no cinema brasileiro é baseado em uma história real: reprimida pela sociedade e pela família radicalmente evangélica, Sueli (Wilma Dias), uma ex-miss, comete suicídio e Fernanda (Monique Lafond) é julgada pela morte da companheira por um tribunal altamente preconceituoso.


Por quê?

Amor Maldito tem sua narrativa guiada por um julgamento de assassinato em tribunal em que, por mais que o assunto em pauta seja um crime, o que é mais julgado a todo tempo é a orientação sexual de Fernanda e o, então, desvio moral dela, que teria corrompido Sueli, uma boa moça, a coagindo à morte. O filme trabalha bem o sentimento de repulsa social às pessoas LGBTQ+ e o olhar opressor da sociedade, que condena essas pessoas todos os dias apenas por serem quem são.


3 – Tomboy (Céline Sciamma, 2011)

Durante as férias de verão, Laurie (Zoé Herán) se muda com sua família para um novo bairro e, ao se introduzir para outras crianças e fazer amigos, se apresenta como Mickael. O tempo das férias vai passando e o protagonista transita em uma vida dupla enquanto constrói sua identidade, já que a família não tem conhecimento de como ele se apresenta para a sociedade longe deles.


Por quê?

Tomboy é uma obra sobre a percepção de uma criança sobre o próprio corpo e consciência, quando colocada frente a uma realidade nova, em que pode ser quem quiser ser. É sobre o florescimento de alguns sentimentos, a descoberta e a aceitação de uma identidade até então reprimida.


4 – Philadelphia (Jonathan Demme, 1993)

Filadélfia

Quando Andrew Beckett (Tom Hanks), um homem com HIV, é demitido de seu trabalho por causa de sua condição médica, ele contrata o único advogado que consegue, sendo ele homofóbico, para advogar contra a demissão sem justa causa.


Por quê?

Assim como em Amor Maldito, o que deveria ser um julgamento justo para uma ação preconceituosa e injustificável se torna num grande debate sobre os valores morais de um homem gay e, portanto, a tentativa de justificar os atos ilegais da demissão homofóbica usando a orientação sexual do protagonista.


5 – 120 Battements par Minute (Robin Campillo, 2017)

120 Batimentos por Minuto

Membros de um grupo militante LGBT, o ACT UP Paris, demandam ações governamentais e da indústria farmacêutica para combater a epidemia de AIDS no início dos anos 90. O filme segue alguns personagens, como Sean (Nahuel Pérez Biscayart), e através deles enxerga-se a evolução da doença que, por muito tempo foi considerada exclusiva da população LGBTQ+, e as necessidades não só dessa doença, mas dessa mentalidade, ser combatida.


Por quê?

Entre as demandas do grupo, uma das mais marcantes é o direito à informação. E o filme conduz muito bem o espectador ao fazê-lo entender a necessidade da educação, principalmente de jovens, com relação a temas tão fortes, ao invés de privá-los delas até que seja tarde demais.


6 – But I’m a Cheerleader (Jamie Babbit, 1999)

Nunca Fui Santa

A comédia segue Megan (Natasha Lyonne) que é uma adolescente, líder de torcida, ingênua que, quando pais e amigos desconfiam que seja lésbica, é enviada a um acampamento para participar de terapias de conversão. O filme foi baseado em um artigo sobre as terapias de conversão e os conhecimentos e experiências da autora com relação ao tema.


Por quê?

O filme traz, de forma sempre leve e divertida, a seriedade do tema e a falta de eficiência desses acampamentos, visto que a homossexualidade não é algo escolhido e, portanto, intrínseco às pessoas. Ótimo para o público jovem.


7 – Madame Satã (Karim Ainouz, 2002)

No Rio de Janeiro, década de 30, João Francisco dos Santos (Lázaro Ramos) é diversas coisas: filho de escravos, bandido, homossexual, ex-presidiário e, principalmente, Madame Satã, que é como se expressa nos palcos de um cabaré.


Por quê?

Madame Satã é um filme maravilhoso sobre uma travesti marginalizada em diversas áreas de sua vida. Pobre, negra, gay. Num Brasil sempre intolerante às minorias e suas necessidades, vê-se claramente as violências cotidianas que a personagem principal vive, sem nenhum estranhamento. O filme é ótimo para mostrar um Brasil marginal que maltrata suas minorias e abrir um diálogo de alternativas e possibilidades.


8 – Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013)

Tattoo

Em 1978 um grupo de teatro, a trupe Chão de Estrelas, desafia a "moral e bons costumes” impostos pelo regime militar. Paulete (Rodrigo Garcia), a estrela do grupo, recebe a visita de seu cunhado militar, Fininha (Jesuita Barbosa), com quem logo nutre um relacionamento complexo em meio à repressão do meio militar em plena ditadura.


Por quê?

Tatuagem entrou na lista dos 100 melhores filmes brasileiros pela Abraccine, em 2015, e se há um filme que melhor converse sobre a situação atual de intolerância, necessidade de empatia, respeito e direitos fundamentais à população LGBTQ+, é este. A trupe Chão de Estrelas tem muito a mostrar a seus espectadores.


9 – Una Mujer Fantástica (Sebastián Lelio, 2015)

Uma Mulher Fantástica

Marina, uma mulher transgênero, que trabalha como garçonete e se aventura como cantora em uma boate é tomada pela tragédia da morte de seu namorado mais velho e tem que lidar com os olhos da sociedade e da família dele com relação a ela e seu relacionamento.


Por quê?

Ganhador do Oscar de 2018, o filme denuncia uma transfobia sistêmica que dificulta todos os aspectos da vida de pessoas transexuais por todos os setores da sociedade: comunidade, polícia, saúde...


10 – G.B.F. (Darren Stein, 2013)

O filme conta a história de dois meninos secretamente gays no ensino médio, Tanner (Michael J. Willett) e Brent (Paul Iacono). Quando Tanner sai do armário a força, ele é acolhido (ou melhor dizendo, recolhido), pelas meninas populares do colégio e começa a ganhar popularidade, gerando conflito entre seus amigos, especialmente, Brent.


Por quê?

G.B.F. é um filme que satiriza todas as idealizações e modas midiáticas de representação de homens homossexuais, principalmente os adolescentes. E o quanto a mídia tem desumanizado e os utilizados como acessório e suporte a narrativas simplistas. E o melhor de tudo: ele faz tudo isso usando uma linguagem simples e acessível, ótima para o público adolescente.


EXTRA – Love is Strange (Ira Sachs, 2014)

O Amor é Estranho

Depois de casado com Ben (John Lithgow), George (Alfred Molina) é demitido de seu posto de professor, os forçando a ficar separados com amigos por um tempo enquanto procuram um lugar mais barato para morar, uma situação que pesa em todos os envolvidos.


Por quê?

Um dos grandes preconceitos sociais com relação a casais homoafetivos é a duração desses relacionamentos. Esse filme mostra que, assim como qualquer outro relacionamento, o amor tem seus altos e baixos, inclusive na velice.


Quais presidenciáveis falam de direitos LGBTQ+?


- Ciro Gomes, PDT (Página 50 – 51, do plano de governo)

Propostas claras, em tópicos.

- Geraldo Alckmin, PSDB (Menção na página 11, do plano de governo)

Menção rasa.

- Guilherme Boulos, PSOL (Página 62 – 64, do plano de governo)

Propostas claras, em tópicos.

- João Goulart Filho, PPL (Menção na página 13, do plano de governo)

Menção rasa.

- Lula | Haddad, PT (Página 16, do plano de governo)

Propostas gerais.

- Marina Silva, REDE (Página 23, do plano de governo)

Propostas gerais.

- Vera, PSTU (Menção na página 4, do plano de governo)

Menção rasa.



 

EN

In times when it is still illegal to be homosexual in 71 countries, according to the International Gay and Lesbian Association, India decriminalized gay sex on September 7 - on the day of Brazil's Independence - by listening to reason of a government member who owed them a historical excuse for the ban.


And it is in the tense atmosphere of the election year that we, from the Clube do Monóculo, believe that it is never too late to discuss important guidelines that should interfere with voter choices. That is why we have now started a series of posts about points that should be taken into consideration when choosing your candidate, giving tips on cinematographic works to discuss the importance of these factors. Today, LGBTQ + rights.


Brazil is the country that kills most LGBTQs: 1 every 19 hours. In a report by the Gay Group of Bahia (GGB), there were 445 homicides registered in 2017, an increase of 30% over the previous year.


In gloomy times like these, where freedom to be has been constantly withdrawn and oppressed by the imminent fear of discriminatory danger, it is necessary to understand and embrace government plans that stand against these criminal acts and have effective measures to prevent them.


To do this, we separated 10 films - of different languages ​​and complexities - to discuss the importance of these rights for the LGBTQ + population.


1 - Carol (Todd Haynes, 2015)

In the year 1950, Therese Belivet (Rooney Mara), a photographer, has a tedious job at a department store. Near Christmas, she meets Carol (Cate Blanchett), an older woman with whom she quickly engages lovingly and sexually. This bond, however, has severe consequences for both.


Why?

It is a work that questions the old-fashioned ideas of a society that, until now, sees homosexuality as a perversion and misuse of moral conduct that actively affects the conception of rights to these people, including those of forming a family.


2 – Amor Maldito (Adélia Prado, 1984)

Sueli (Wilma Dias), a former miss, commits suicide, and Fernanda (Monique Lafond) is tried for her death. The first film directed by a black woman in Brazilian cinema is based on a true story: repressed by society and by the radically evangelical family of her companion by a highly prejudiced court.


Why?

Amor Maldito has its narrative guided by a murder trial in court where, although the subject at hand is a crime, what is most judged at all times is Fernanda's sexual orientation and her moral deviation, which would have corrupted Sueli, a good girl, coerced to her death. The film works well with the sense of social disgust for LGBTQ + people and the oppressive outlook of society, which condemns these people every day just by being who they are.


3 - Tomboy (Céline Sciamma, 2011)

During the summer break, Laurie (Zoé Herán) moves with her family to a new neighborhood and, introducing herself to other children and making friends, presents herself as Mickael. The vacation time passes and the protagonist transits into a double life while building his identity, since the family has no knowledge of how he presents himself to society far from them.


Why?

Tomboy is a film about a child's perception of one's own body and consciousness when placed in front of a new reality in which one can be whoever one wants to be. It is about the flowering of some feelings, the discovery and acceptance of a repressed identity.


4 - Philadelphia (Jonathan Demme, 1993)

Philadelphia

When Andrew Beckett (Tom Hanks), a man with HIV, is fired from his job because of his medical condition, he hires the only lawyer he can, being a homophobe, to advocate against dismissal without cause.


Why?

Just as in Cursed Love, what should be a fair trial for a prejudiced and unjustifiable action becomes a major debate about the moral values ​​of a gay man and thus the attempt to justify the illegal acts of homophobic dismissal using the sexual orientation of the protagonist.


5 - BPM (Robin Campillo, 2017)

Members of a militant LGBT group, ACT UP Paris, are demanding government and pharmaceutical industry action to combat the AIDS epidemic in the early 1990s. The film follows some characters, such as Sean (Nahuel Pérez Biscayart), and through them, the evolution of the disease that for a long time was considered exclusive of the LGBTQ + population, and the needs not only of this disease, but of that mentality, to be combated.


Why?

Among the demands of the group, one of the most striking is the right to information. And the film does the spectator very well by making him understand the need for education, especially for young people, in relation to such strong themes, rather than depriving them of it until it's too late.


6 - But I'm a Cheerleader (Jamie Babbit, 1999)

The comedy follows Megan (Natasha Lyonne) who is a teenage, cheerleader, naive who, when parents and friends suspect she is a lesbian, is sent to a camp to participate in conversion therapies. The film was based on an article about the conversion therapies and the author's knowledge and experiences with the subject.


Why?

The film brings, in a light and fun way, the seriousness of the theme and the lack of efficiency of these camps, since homosexuality is not something chosen and therefore intrinsic to people. Great for young audiences.


7 - Madame Satã (Karim Ainouz, 2002)

In Rio de Janeiro, in the 1930s, João Francisco dos Santos (Lázaro Ramos) is several things: son of slaves, bandit, homosexual, ex-convict and, mainly, Madame Satan, which is as it is expressed in the stages of a cabaret.


Why?

Madame Satan is a wonderful film about a transvestite sidelined in several areas of her life. Poor, black, gay. In a Brazil always intolerant of minorities and their needs, one can clearly see the daily violence that the main character lives, without any strangeness. The film is great for showing a marginal Brazil that mistreats its minorities and open a dialogue of alternatives and possibilities.


8 - Tattoo (Hilton Lacerda, 2013)

Paulete (Rodrigo Garcia), the star of the group, is visited by his military brother-in-law, Fininha (Jesuita Barbosa) , with whom soon it nourishes a complex relationship amid the repression of the military milieu in full dictatorship.


Because?

Tattoo has entered the list of the 100 best Brazilian films by Abraccine in 2015 and if there is a movie that best talks about the current situation of intolerance, need for empathy, respect and fundamental rights to the LGBTQ + population, this is it. The Chão de Estrelas troupe has a lot to show to its viewers.


9 - A Fantastic Woman (Sebastián Lelio, 2015)

Marina, a transgendered woman who works as a waitress and ventures as a singer in a nightclub is taken by the tragedy of the death of her older boyfriend and has to deal with the eyes of society and his family with respect to her and her relationship.


Why?

Winner of the Oscar of 2018, the film denounces a systemic transphobia that hinders all aspects of the lives of transsexual people by all sectors of society: community, police, health ...


10 - G.B.F. (Darren Stein, 2013)

The film tells the story of two secretly gay high school boys, Tanner (Michael J. Willett) and Brent (Paul Iacono). When Tanner comes out forcedly, he is welcomed (or rather, collected) by the popular girls of the school and begins to gain popularity, generating conflict between his friends, especially Brent.


Why?

G.B.F. is a film that satirizes all idealizations and media fashions of representation of homosexual men, especially the adolescents. And how much the media has dehumanized and used them as an accessory and support for simplistic narratives. And best of all: it does it all using simple, accessible language, great for the teen audience.


EXTRA - Love is Strange (Ira Sachs, 2014)

After being married to Ben (John Lithgow), George (Alfred Molina) is fired from his teaching post, forcing them to be separated with friends for a while while looking for a cheaper place to live, a situation that weights on everyone involved .


Why?

One of the great social prejudices with respect to homoaffective couples is the duration of these relationships. This movie shows that, like any other relationship, love has its ups and downs, even on old age.


To watch the trailers, please check them above.



176 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page