Vamos falar sobre política, de novo?
Em época de PEC do teto de gastos, em que serviços sociais essenciais tiveram seus orçamentos e, consequentemente, desenvolvimento e aprimoramento limitado por 20 anos, é importante sentar e conversar sobre a importância da educação na construção (ou reconstrução que, talvez, seja mais necessária) da sociedade brasileira.
É por isso que, hoje, criamos uma lista com 10 produções, entre documentários, séries e filmes de ficção, para abrir uma conversa saudável sobre o estado da educação, não só no Brasil, mas no mundo. O que pode ser feito? O que eu posso fazer?
FILMES DE FICÇÃO
A Socidade dos Poetas Mortos (Peter Weir, 1989)
Dead Poets Society
Antigo aluno de uma instituição educacional tradicional e de alto padrão para meninos, John Keating (Robin Williams) é convidado a lecionar na escola em que estudou. Ele usa métodos pouco ortodoxos para atingir os alunos que são constantemente pressionados pela escola e pela família. Com a ajuda do professor, os garotos aprendem a seguir seus sonhos e aproveitar a vida todos os dias através de experiências que transcendem a sala de aula.
Por quê?
A Sociedade dos Poetas Mortos conta com atuações e situações brilhantes que indagam o posicionamento da sociedade e da escola na formação de jovens cidadãos, questionando métodos tradicionais de ensino e prioridades pré-estabelecida na construção desses jovens.
Escritores da Liberdade (Richard LaGravenese, 2007)
Freedom Writers
Após a aprovação de uma lei de integração racial pela Secretaria de Educação, no ano de 1992, Erin Gruwell (Hilary Swank) recebe o desafio de lecionar uma escola completamente dividia por raças em Los Angeles. Dedicada, ela tenta inspirar seus alunos a acreditarem em si próprios e superarem seus problemas pessoais e de aprendizagem.
Por quê?
Uma professora que chega tomada por seus ideais românticos de ensino cai de paraquedas num mundo completamente diferente do que espera e se depara com problemas muito graves que transcendem a sala de aula, mas que afetam ativamente o rendimento acadêmico e pessoal de todos os alunos. Dedicada, consegue enfrentar um cenário de educação precária e negligenciada pelo Estado, ultrapassando certos limites de forma criativa e atingindo os seus alunos, conseguindo, inclusive, uma união de raças aparentemente impossível no início.
O Sorriso de Mona Lisa (Mike Newell, 2003)
Mona Lisa Smile
Recém-formada na UCLA, em 1953, Katherine Watson (Julia Roberts) é contratada para lecionar numa prestigiosa escola para mulheres. Transgressora, a professora inspira suas alunas a enxergarem além dos valores tradicionais aos quais são impostas e procura ativamente a incentivar suas alunas a ocuparem os espaços de liderança aos quais tem direito.
Por quê?
Muito se fala no empoderamento de jovens meninas na construção de um mundo novo. Nesse filme, vê-se todos esses ideais colocados à disposição das alunas de forma muito natural e sutil, num incentivo completamente plausível que acessa totalmente as alunas, através da curiosidade, da informação e da identificação com a professora, sempre num relacionamento bem horizontal com as garotas.
Menina no País das Maravilhas (Daniel Barnz, 2008)
Phoebe in Wonderland
Phoebe (Elle Fanning) é uma criança que não se encaixa na escola: seus colegas sempre a rejeitam e as regras a limitam. Ela é uma menina questionadora, que sempre se mete em problemas –principalmente por impulsos que não consegue, de fato, controlar - sem muita presença dos pais, e que constantemente tenta fugir para um mundo de fantasias: o País das Maravilhas. Quando conhece a professora de teatro (Patricia Clarkson), a menina se sente acolhida e consegue controlar seus impulsos, convivendo de forma mais harmoniosa no ambiente escolar.
Por quê?
Nesse filme, a escola consegue exercer três papeis importantes: o primeiro, na socialização da criança que, por mais que rejeitada pela maioria, encontra conforto num grupo limitado de pessoas de sua idade. O segundo é o acolhimento e permissão de expressão dentro dos limites de alguma atividade proporcionada pela instituição, no caso, teatro. O terceiro é a percepção e colaboração no diagnóstico de problemas em casa ou patológicos da criança, que possam interferir em seu crescimento pessoal ou acadêmico.
Preciosa: Uma História de Esperança (Lee Daniels, 2009)
Precious
Claireece “Preciosa” Jones (Gabourey Sidibe), tem 16 anos e sofre abusos sexuais pelo pai, de quem está grávida pela segunda vez, e outras formas de abuso pela mãe. A menina não sabe ler ou escrever, tendo quase nenhuma perspectiva de futuro. Quando ela é transferida para uma escola alternativa, contudo, ela conhece Sra. Rain (Paula Patton), quem a instrui paciente e firmemente numa jornada contra as opressões que sofre e construção de uma autodeterminação que muda sua vida.
Por quê?
O papel da professora, aqui, é o determinante na construção de autoestima suficiente em uma menina com quase nenhuma perspectiva, fazendo com que ela crie forças, através de métodos menos tradicionais de ensino, e mude sua vida aos poucos.
Entre os Muros da Escola (Laurent Cantet, 2008)
Entre Les Murs
Em uma escola localizada na periferia da cidade de Paris, François Marin (François Bégaudeau) leciona. Ele e seus colegas procuram suporte entre si para conseguir fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do tempo letivo. O professor tem uma escola repleta de alunos problemáticos, violência e várias questões étnico-raciais que entram no caminho do aprendizado. É com determinação e, principalmente, paciência que ele luta para educar essas crianças, entre tantas adversidades.
Por quê?
O desinteresse sistemático pela educação vem dos contextos de cada aluno em qualquer parte do mundo, inclusive na França, para quem diz que esse problema só existe no Brasil. É um ótimo filme para perceber que, por mais que o valor que essas crianças dão à educação seja mínimo, é a educação que os fará ter uma nova perspectiva de futuro dentro das situações menos que ideais em que estão inseridos.
DOCUMENTÁRIOS
Pro Dia Nascer Feliz (João Jardim, 2005)
Diversos estudantes de mais de uma região do país e classe social dão seus depoimentos sobre o ambiente escolar que frequentam e a perspectiva acadêmica da adolescência, assim como alguns profissionais da educação.
Por quê?
Esse filme brasileiro mostra muito bem a realidade desigual e contrastante da educação nacional, exibindo claramente o sistema de privilégios vigente no país. Além disso, a perspectiva do jovem sobre a educação brasileira, apesar de ter sido filmado há mais de 10 anos atrás, ainda persiste muito atual e dá uma leitura muito pertinente do contexto em que esses estudantes estão imersos e como isso os afeta.
Waiting for 'Superman' (Davis Guggeheim, 2010)
O sistema educacional dos Estados Unidos é muito problemático e é o investigando que o cineasta demonstra o quanto ele tem piorado. Ao invés de tomar para si estatísticas e opiniões especializadas, ele foca a análise em cinco estudantes, demonstrando suas dificuldades e triunfos diários. Ele, dessa forma, tenta encontrar uma solução para o sistema acadêmico.
Por quê?
Assim como Pro Dia Nascer Feliz, ele dá uma perspectiva muito pertinente do jovem sobre o sistema educacional e demonstra, claro, a negligência e falta de vontade estatal de ver mudanças e melhoras dentro da Academia.
SÉRIES
Malhação: Viva a Diferença (2017, Cao Hamburguer)
Essa temporada da série conta a história de cinco protagonistas femininas: Keyla (Gabriela Medvedovski), Benê (Daphne Bozaski), Tina (Ana Hikari), Helen (Heslaine Vieira) e Lica (Manoela Aliperti). As meninas, após um parto de metrô que realizam juntas, se tornam muito amigas, apesar de terem personalidade, ideologias e contextos completamente diferentes. A história se passa no trânsito entre essas realidades e o reconhecimento das protagonistas e demais personagens do mundo como ele é.
Por quê?
Essa temporada de Malhação, de 2017, dirigida pelo sempre brilhante Cao Hamburguer, foi um sucesso de audiência e queridinha das críticas. Não é por menos! Num contexto em que Malhação sempre foi uma novela rasa e simplistas que conversava muito mal e porcamente com os jovens, Viva a Diferença veio assumir seu papel militante denunciando diversos problemas sociais, exibindo contrastes socioculturais e fazendo uma história maravilhosa que conversa, em vários âmbitos e níveis, com o sistema educacional. Com isso, claro, mostra-se e trabalha-se muito bem, também, o ambiente físico das escolas, assim como o relacionamento fundamental dos trabalhadores desses ambientes –não só professores, mas principalmente eles– e da família na formação de cidadãos, mais que bons alunos.
Merlí (Héctor Lozano, 2015)
É uma série da Netflix sobre um professore de filosofia do ensino médio que ensina de formas não tradicionais e bem únicas seus alunos, incluindo o próprio filho. Ele trabalha, além da matéria, amizade, amor e as tensões e problemas entre e dos alunos da turma.
Por quê?
Merlí é uma série que consegue trabalhar maravilhosamente o coletivo de uma turma ao mesmo tempo em que desenvolve muito bem a individualidade cada estudante. Fugindo de estereótipos, o programa consegue trazer realismo a alguns problemas vividos pelos personagens. Vale ressaltar, contudo, que enquanto as cenas em sala de aula são sempre muito boas, Merlí não é exatamente um modelo de pessoa fora dos corredores da escola.
Outras listas sobre política: Democracia
Plano Nacional de Educação (PNE)
É uma lei aprovada em 2014 e construída com ampla participação da sociedade civil. Ele estabelece 10 diretrizes, 20 metas e 254 estratégias para serem atingidas em 10 anos. Para isso, faz um balanço das demandas, orienta a gestão e prevê um aumento do investimento público na educação.
Quais candidatos mencionam o PNE nos seus planos de governo?
Guilherme Bolous, PSOL – Concretizar as metas do PNE, entre elas a de financiamento; regulamentar o SNE; retomar a CONAE e o FNE. (plano de governo aqui)
Ciro Gomes, PDT – Persistir na aplicação das metas do PNE; incluir o combate a toda forma de preconceito no texto do PNE. (plano de governo aqui)
Haddad, PT – Concretizar as metas do PNE, cumprir a meta de financiamento; institucionalizar SNE; implementar política de alfabetização nos termos do PNE. (plano de governo aqui)
Marina Silva, REDE – Empenhar esforços para cumprir as metas do PNE; efetivar a meta de Educação Infantil; institucionalizar o SNE. (plano de governo aqui)
EN
Let's talk about politics, again?
At the time of government spending limitation laws, where essential social services have had their budgets, and therefore development and improvement limited for 20 years, it is important to sit down and talk about the importance of education in the construction (or reconstruction that may be more necessary) of the Brazilian society.
That is why today we have created a list of 10 productions, among documentaries, series and feature films, to open a healthy conversation about the state of education, not only in Brazil, but in the world. What can be done? What can I do?
FICTION FILMS
Dead Poets Society (Peter Weir, 1989)
A former student of a traditional, high-standard educational institution for boys, John Keating (Robin Williams) is invited to teach at the school where he studied. It uses unorthodox methods to reach students who are constantly pressured by the school and the family. With the teacher's help, kids learn to follow their dreams and enjoy life everyday through experiences that transcend the classroom.
Why?
The Dead Poets Society has brilliant performances and situations that challenge the positioning of society and the school in the formation of young citizens, questioning traditional methods of teaching and priorities pre-established in the construction of these young people.
Freedom Writers (Richard LaGravenese, 2007)
Following the approval of a racial integration law by the Education Department in 1992, Erin Gruwell (Hilary Swank) is given the challenge of teaching a school completely divided by races in Los Angeles. Dedicated, she tries to inspire her students to believe in themselves and to overcome their personal and learning problems.
Why?
A teacher who comes in for her romantic teaching ideals falls into a world completely different from what she expects and is faced with very serious problems that transcend the classroom, but which actively affect the academic and personal achievement of all students. Dedicated, she is able to face a precarious and neglected education scenario by the State, overcoming certain boundaries in a creative way and reaching out to her students, even achieving a seemingly impossible union of races.
Mona Lisa Smile (Mike Newell, 2003)
A UCLA graduate in 1953, Katherine Watson (Julia Roberts) is hired to teach at a prestigious women's school. Transgressor, the teacher inspires her students to see beyond the traditional values to which they are imposed and actively seeks to encourage the students to occupy the leadership spaces to which they are entitled.
Why?
Much is said about the empowerment of young girls in building a new world. In this film, one sees all these ideals placed at the disposition of the students in a very natural and subtle way, in a very plausible incentive that completely accesses the students, through curiosity, information and identification with the teacher, always in a very horizontal relationship with the girls.
Phoebe in Wonderland (Daniel Barnz, 2008)
Phoebe (Elle Fanning) is a child who does not fit the school: her classmates always reject her and the rules restrict her. She is a questioning girl, who always gets into trouble - mainly by impulses that she cannot really control - without much presence of the parents, and that constantly tries to escape to a world of fantasies: Wonderland. When she meets the theatre teacher (Patricia Clarkson), the girl feels welcomed and is able to control her impulses, living in a more harmonious way in the school environment.
Why?
In this film, the school succeeds in playing three important roles: the first, in the socialization of the child who, although rejected by the majority, finds comfort in a limited group of people of her age. The second is the acceptance and permission of expression within the limits of some activity provided by the institution, in this case, theatre. The third is the perception and collaboration in the diagnosis of problems at home or pathological of the child, that may interfere in their personal or academic growth.
Precious (Lee Daniels, 2009)
Claireece "Precious" Jones (Gabourey Sidibe), is 16 years old and is sexually abused by her father, of whom she is pregnant for the second time, and suffers other forms of abuse by her mother. The girl cannot read or write, having almost no future prospects. When she is transferred to an alternative school, however, she meets Mrs. Rain (Paula Patton), who teaches her patiently and firmly on a journey against the oppressions she suffers and building self-determination that changes her life.
Why?
The role of the teacher here is the determinant in building enough self-esteem in a girl with almost no perspective, causing her to build strength through less traditional methods of teaching and change her life little by little.
The Class (Laurent Cantet, 2008)
Entre Les Murs
In a school located on the outskirts of the city of Paris, François Marin (François Bégaudeau) teaches. He and his colleagues seek support from each other to get students to learn something over time. The teacher has a school full of troubled students, violence, and various ethnic-racial issues that get in the way of learning. It is with determination and, especially, patience that he struggles to educate these children, among so many adversities.
Why?
The systematic disinterest in education comes from the contexts of every student in any part of the world, including in France, for whoever says that this problem exists only in Brazil. It is a great film to realize that, however much the value these children give to education is minimal, it is education that will make them have a new perspective of the future within the less than ideal situations in which they are inserted.
DOCUMENTARIES
Pro Dia Nascer Feliz (João Jardim, 2005)
Several students from more than one region of the country (Brazil) and social class give their testimony about the school environment they attend and the academic perspective of adolescence, as well as some education professionals.
Why?
This Brazilian film shows very well the unequal and contrasting reality of Brazilian education, clearly showing the system of privileges in force in the country. In addition, the perspective of young people on Brazilian education, despite being filmed more than 10 years ago, still persists very current and gives a pertinent reading of the context in which these students are immersed and how it affects them.
Waiting for 'Superman' (Davis Guggeheim, 2010)
The educational system in the United States is very problematic and it is with investigation that the filmmaker demonstrates how much it has gotten worse. Instead of taking specialized statistics and opinions, he focuses his analysis on five students, demonstrating their daily difficulties and triumphs. He thus tries to find a solution for the academic system.
Why?
Like Pro Dia Nascer Feliz, he gives a very pertinent perspective on the educational system and demonstrates, of course, the neglect and lack of state will to see changes and improvements within the Academy.
SERIES
Malhação: Viva a Diferença (2017, Cao Hamburguer)
This season of the series tells the story of five female protagonists: Keyla (Gabriela Medvedovski), Benê (Daphne Bozaski), Tina (Ana Hikari), Helen (Heslaine Vieira) and Lica (Manoela Aliperti). The girls, after performing a subway childbirth together, become friends, although they have completely different personalities, ideologies and contexts. The story takes place in the transit between these realities and the recognition of the protagonists and other characters of the world as it is.
Why?
This 2017 season, directed by the ever-bright Cao Hamburger, was a hit and loved by critics. In a context in which Malhação was always a shallow and simplistic sitcom that talked very badly and poorly with the young people, Viva a Diferença came to assume its militant role denouncing diverse social problems, exhibiting socio-cultural contrasts and making a wonderful story that talks, in several scopes and levels, with the educational system. With this, of course, the physical environment of the schools, as well as the fundamental relationship of the workers of these environments - not only teachers, but mainly them - and the family in the formation of citizens, rather than good students, are shown and worked very well.
Merlí (Héctor Lozano, 2015)
It is a Netflix series about a high school philosophy teacher who teaches in non-traditional and very unique ways his students, including his own child. He works, beyond matter, friendship, love, and the tensions and problems between and among the students in the class.
Why?
Merlí is a series that manages to work wonderfully the collective of a class while at the same time it develops very well the individuality of each student. Fleeing from stereotypes, the series manages to bring realism to some problems experienced by the characters. It is noteworthy, however, that while the classroom scenes are always very good, Merlí is not exactly a model of person outside the school limits.
Please watch the trailers above.
Other lists about politics:
